Li de tudo e de mais profundo no sentido social, religioso, filosófico, psicológico, científico, mitológico, ocultista, esotérico e muito mais. Minha existência ou do apogeu, estou em trânsito sereno para o poente. Tenho bagagem acumulada.
Durante os longos anos de exuberante vigor e acelerada atividade, assumi desafios aparentemente desproporcionais à minha consistência real, muitas vezes enfrentando riscos e gastando coragem, convencido, por formação, da obrigação de me manter em realizações “não danosas e sempre boas para a humanidade”.
Tive mais sucessos que derrotas e com motivação para gerar o bem, como ensinou meu Mestre: “Entre com confiança, as forças universais te ajudarão a vencer, ou até a perder, mas sempre a evoluir”. Celebre a derrota, como a vitória, celebre a vida. Ser feliz é uma questão de consciência. Se você perder uma mão, considere e seja feliz por não ter perdido o braço.
Devo dizer que as derrotas se igualam, em importância, às vitórias, por terem proporcionado notável experiência e dilatação da consciência.
De onde vinham tantos impulsos? Minha mãe, Anna, dizia: “Vá com calma, descanse, repouse”. Inútil, nunca a levei a sério. Assim também foi com quase todas as mulheres que viveram e vivem na minha esfera. Quem resistiu aprendeu a poupar movimentos contrários, aliás, acabaram por aceitar e, às vezes, se entusiasmaram com meus propósitos.
Li tudo que tinha disponível de Platão, H.P. Blavatsky, Hermes Trimegisto, A. Besant, Rudolf Steiner, C. Leadbeater, Aurobindo, Ramakrishna, Tolstoi, Leonardo da Vinci, Krishnamurti, Yogananda, Vivekananda, G. Groddeck, Freud, Jung, Gandhi, Maquiavel, Giordano Bruno, entre centenas de outros iluminados.
Apenas recentemente encontrei a obra de Bhagwan Rajneesh, que me deu coragem e vontade de ler o seu enciclopédico “O Livro dos Segredos”. Seis volumes que descrevem, fluentemente e sem repetições, em mais de 2.000 páginas, os 112 métodos de meditação do yoga de Patanjali. Ensinamentos do “Vigyan Bhairav Tantra”, compilado há cerca de 4.000 anos.
Precisei chegar ao quinto volume para encontrar uma explicação dos polos divergentes e complementares, feminino e masculino. É a mais interessante explicação do assunto, que tentarei reproduzir em síntese: “Nascem mais homens, mas a constituição mais fraca e complexa do sexo masculino faz com que sua mortalidade em breve se iguale à das mulheres em idade adolescente”.
Imaginava o contrário, mas o relatório de nascimentos em Betim mostra uma diferença de quase 10% a mais nos nascimentos masculinos do último ano. Já os eleitores da cidade são prevalentemente mulheres, 3% a mais. Tem lógica o que diz o livro. O homem é mais perecível.
A mente masculina considerada por Rajneesh não pode viver sem que uma mulher se lhe oponha. Este é um equilíbrio da natureza.
Força ativa é o homem, com a velhice se entrega mais cedo à morte, por perder o ímpeto masculino, enquanto a mulher tem mais razões para aceitar a continuidade da vida. A mente prevalentemente masculina pode estar num corpo de mulher, como vice-versa.
O masculino tem característica de pressa, precisa correr, persegue metas sempre maiores, foca o futuro, esquece o presente. Não poupa agressividade, empenho, disposição. Isso é necessário, movimenta a humanidade e a matéria mais grosseira. Assim a mente masculina se cansa, relaxa para se entregar à paz.
Já a mente feminina é oposta, não tem destino determinado, não tem pressa, não procura desafios, não precisa cansar, vive no presente e se esquece do planeta. “Se relaxa, alcançou a meta, agora mesmo”.
O homem se arrisca, escala o Everest não porque ganha alguma coisa, apenas para mostrar sua coragem, para ficar alguns segundos no pior clima possível e dizer que resistiu.
Vai para a Lua... enquanto uma mulher considera: “Para que tanto perigo? De que serve?” Ela se sente mais realizada ao chegar ao mercado, a um encontro com amigas, a uma festa. O masculino parece programado a desafiar o perigo, a morte, como afirma nosso hino: “(...) um filho teu não foge à luta” e desafia “quem te adora a própria morte”.
Os líderes das religiões são do sexo masculinos: Zaratustra, Hermes, Krishna, Buda, Mahavira, Jesus, Maomé, e nenhuma mulher. Isso, segundo Rajneesh é cosmicamente impossível, outras tantas mulheres chegaram a iluminar o caminho pela interiorização (o útero gera por dentro) sem precisar mostrar.
Consumiram as etapas da evolução silenciosamente, ocultamente e aram à frente, pois assim é a natureza feminina. Um homem tem sempre uma parte de mente feminina, nem que seja 8%, mas pode chegar a ter 80%, em oposição ao sexo de origem. A diversidade se manifesta por razões múltiplas e invisíveis. As exceções são mais facilmente aceitas pelas mulheres e rejeitadas pelos homens.
Contudo, “viver” é um exercício para compreender, servir à humanidade. Os adeptos do bem diretamente anulam o mal, até mais do que os voluntários cruzados.
Encontramos em profecias “censuradas pela Inquisição” que a humanidade, no estado de maior evolução, será hermafrodita, pois o equilíbrio do masculino e do feminino gerará uma raça convergente. Os opostos se apaziguarão, e a procriação ocorrerá de outras formas, nem que seja em milhares de séculos.
O universo tem tempo para aguardar sem pressa.