BRASÍLIA – O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes estão frente a frente na tarde desta terça-feira (10) após anos de ataques ao magistrado durante e, principalmente, depois das eleições presidenciais de 2022, em que saiu derrotado.
Em um clima tenso entre dois lados, os dois não se falavam desde junho de 2022 quando o ministro do STF assumiu a Presidência do Tribunal Superior Eleitoral e comandou o processo das eleições gerais em que o então presidente foi derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva por uma pequena margem de votos. Bolsonaro se tornou o único mandatário do país a não conseguir se reeleger ao cargo após o processo de redemocratização do país, em março de 1985.
As dezenas de decisões tomadas pelo magistrado contra o ex-presidente e seus aliados – duas delas que o levaram à inelegibilidade por 8 anos após veredicto do TSE em 2023 – alimentaram discursos marcados por críticas, xingamentos e até ameaças a Moraes.
No início do interrogatório, Bolsonaro se negou a dizer o local onde mora em Brasília e respondeu de forma rápida sobre seu casamento e seus filhos. Em alguns momentos, a voz saiu rouca e engasgada.
Visivelmente nervoso, o ex-presidente começou a ler declarações atribuídas ao ministro do Supremo Flávio Dino e ao ex-ministro da Previdência Carlos Lupi, em defesa do voto impresso e contra a adoção das urnas eletrônicas. A fala de Dino ocorreu em 2010, quando ele foi derrotado nas eleições para o governo do Maranhão após mandato de deputado federal.
Inicialmente, a intenção da defesa era apresentar 12 vídeos com pronunciamentos de Jair Bolsonaro, de Dino e Lupi. A iniciativa foi vetada por Moraes.