A chegada forte da Arábia Saudita no mercado do futebol é uma realidade nova. Antes distante dos grandes centros, o país ou a apresentar investimentos pesados no esporte, e ou a tirar astros dos clubes de maior expressão no mundo.

A porta aberta por Cristiano Ronaldo em dezembro de 2022 já era desejada por alguns atletas, que se seduziam com ofertas multimilionárias e mudavam-se para o Oriente Médio. Porém, a chegada do português abriu os olhos do país para o financiamento de atletas, o que elevou o nível da Saudi Pro League e acendeu alerta em instituições ao redor do mundo.

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O Fundo de Investimento Público (PIF) local ou a injetar quantidades astronômicas de dinheiro em determinados clubes, incluindo os quatro grandes do país: Al-Hilal, que arrastou Neymar do PSG; Al-Nassr, de Ronaldo; Al-Ahli, que tirou Roberto Firmino do Liverpool; e Al-Ittihad, que convenceu Benzema a deixar o Real Madrid.

Os alvos, inclsuive, não são apenas jogadores. O Al-Hilal anunciou, na quarta-feira (4), a contratação do técnico Simone Inzaghi, que estava na Inter de Milão desde 2021. Para findar o ciclo do italiano na capital da moda, a diretoria ofereceu um salário que o transformou no segundo técnico mais bem pago do mundo, atrás apenas de Diego Simeone, do Atlético de Madrid.

A nova realidade também trouxe à tona discussões sobre os regulamentos do Fair Play Financeiro (FPF). Há o questionamento sobre como demais diretorias ao redor do mundo podem tentar se equiparar ao poderio econômico do fundo soberano da Arábia Saudita, que estima ter quase US$ 1 trilhão, já que a liga local, além dos investimentos do PIF, não tem regulamentação de Fair Play. A reportagem do Lance! conversou com Douglas Teixeira, advogado especialista em direito esportivo, para entender a questão.

- O futebol saudita, a gente tem visto que eles tem assumido uma posição nova no mercado da bola. Antes era quase desconhecido, e atualmente vêm investindo não só em jogadores, mas em clubes. O Grupo City, por exemplo, é istrado por sauditas, e isso se estende também ao Brasil, com o Bahia, que faz parte desse grupo. Entendo que essa questão da relativização financeira vai ser muito difícil - declarou o advogado.

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A adoção do Fair Play Financeiro varia de liga para liga. Há regulamentos mais firmes e regras mais soltas, mas isso não impede de tê-lo como um marco na gestão econômica do futebol europeu. Não à toa, há pedidos para a adoção do modelo no futebol brasileiro, a fim de impedir que a entrada de SAF's e investidores autônomos crie uma disparidade grande entre clubes.

A realidade é semelhante na Arábia Saudita, mas a guerra é externa e não interna. Parte dos clubes europeus pede fiscalização rigorosa no mercado do país, a fim de evitar que as recentes ondas de transferências rumo ao mundo árabe se estendam e se transformem em moda para os próximos anos.

- Não só na Europa, mas no Brasil, você tem muitos clubes com a situação financeira precária, e aí esse pessoal da Arábia entra definitivamente como grande investidor. Óbvio que, para poder equalizar essa situação, talvez seja necessário o aumento da cifra no quesito da venda. Alguém que é da Arábia e quer entrar em um clube europeu, vai precisar investir alto por isso, e injetar uma quantidade financeira considerável no clube, que poderá fazer suas contratações e seguir sua vida normalmente. Acho que isso vai dar uma equalizada no mercado - sugeriu Douglas.

Simone Inzaghi assina com o Al-Hilal
Contratações de astros da Europa por parte da Arábia Saudita tem acendido alerta por modelo de Fair Play Financeiro (Foto: Reprodução / X)

💸 Como funciona o Fair Play Financeiro?

O mecanismo, criado pela Uefa em 2009, tem o objetivo de promover a sustentabilidade financeira no futebol europeu. A iniciativa estabelece limites de gastos baseados na arrecadação dos clubes, buscando prevenir crises econômicas, fortalecer o mercado de transferências e preservar a credibilidade das instituições esportivas. É improvável, porém, que haja uma adoção do Fair Play Financeiro na Arábia Saudita.

- O principal intuito da instituição era criar barreiras para que os clubes viessem a gastar menos do que arrecadavam. Com isso, eventuais crises financeiras seriam resolvidas e o mercado de transferências ficaria cada vez mais sólido. Isso ajudou a melhorar a capacidade econômica dos clubes e a credibilidade dos clubes, tanto financeira quanto para futuras negociações, garantindo que as obrigações como pagamento de funcionários e demais acordos sejam cumpridas - disse o especialista.

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